Histórias de vida

Pelotas - RS

“As relações humanas, representam curas e milagres no coração” - Maria Inez S. Rodrigues

Aos treze anos fui submetida a uma cirurgia para retirar o apêndice, foi a primeira de muitas outras. Quero destacar duas delas, as que mudaram o rumo da minha vida, reduzindo-me a muitas limitações, sofrimentos e dúvidas. Junto a esta experiência vieram, também, o carinho, a atenção e o cuidado de tantas pessoas que fizeram a diferença, as quais vou citar nos agradecimentos. Para que todos os leitores(as) deste livro saibam o quanto as relações humanas representam curas e milagres no coração. Quem se sente amado ama, quem tem fé em Deus nosso Pai se recupera mais depressa do que o normal.

Aos dezenove anos casei-me com Neri, após algum tempo de namoro. Desta união nasceu um casal de filhos: Aquiles e Janaina. Da união de Aquiles e Cintia nasceram a Daniela e o Eduardo; da união de Janaina e Cristiano nasceu o Miguel. Depois minha neta Daniela e o Thiago me presentearam com o nascimento do Érick. Meu esposo não gozava de boa saúde, vindo a falecer em dezembro de 2005. Foi aí que se intensificaram os sintomas que caracterizaram o câncer de mama, e eu já os sentia a algum tempo. Em fevereiro deste mesmo ano pedi demissão porque não conseguia mais trabalhar e cuidar dele ao mesmo tempo. Em julho de 2006 as dores se agravaram apesar de as mamografias não mostrarem nenhuma alteração. 

Desde 2001 eu participava de um grupo de auto-ajuda às mulheres com câncer de mama. Entrei nesse grupo como voluntária e recebi muito mais do que ofereci. Meu médico atendia nos mutirões, e com muito carinho e atenção ele solicitou US da mama. A primeira dificuldade foi quando a Secretaria da Saúde disse que demoraria quatro anos para realizar o exame. Não dava para esperar tanto tempo, pois eu já apresentava secreção com sangue. Com a ajuda de amigas e orientação do médico eu fiz o exame em novembro de 2006, o qual identificou um nódulo e requereu uma biópsia confirmando o câncer. Meu médico falou que eu tinha 80% de chance, mas precisava fazer cirurgia, quimioterapia e radioterapia.

Naquele momento me senti fraca e sem chão, mas a confiança no médico que me atendia desde 1988 foi fundamental para seguir em frente. Depois de longa conversa o meu médico agendou a cirurgia para 16 de fevereiro de 2007, cirurgia que foi bem-sucedida, não sendo necessária a retirada da mama. O tratamento, também ocorreu dentro da normalidade, com seus benefícios e sequelas. Porém, quando estava realizando a penúltima quimio senti reações fortes e estranhas na mão direita, uma queimação na articulação do segundo dedo da mão direita. Depois de concluir a radioterapia e tendo a dor se intensificado fui encaminhada para um traumatologista que pediu um RX e diagnosticou uma tendinite.

Foi uma verdadeira via sacra na busca pelo alívio da dor. Fiz inclusive um tratamento para tendinite sem resultado e logo percebi que tinha um pequeno nódulo que me impedia de esticar ou dobrar completamente o dedo. Diante da dificuldade para exercer as atividades rotineiras comecei a procurar um especialista em cirurgia de mão, uma vez que os exames constataram esse nódulo. Em 2017 consultei em Rio Grande e depois de ser examinada e de o médico ver os exames todos e as receitas do tratamento me foi recomendada cirurgia, a qual só foi possível realizar porque o médico facilitou a forma de pagamento. Ele falou algo que me tocou o coração, disse: “Vamos cuidar do seu problema, depois a senhora me paga”. Jamais esquecerei tanta dedicação, humanização e carinho. É de profissionais assim que a gente precisa! A cirurgia foi um sucesso, era um tumor benigno, mas precisei fazer fisioterapia para recuperar o movimento da mão. Esses são apenas alguns pequenos retalhos da minha história, para contribuir nesta obra da vida regida por acontecimentos diversos, aos quais não caberiam neste capítulo, mais ficaram gravados no mais profundo do meu ser mulher.

Quero destacar outro fator importante na superação dos traumas deixados pela dor profunda do descaso com a saúde pelos órgãos, as filas intermináveis, as orientações incompletas. A consciência de que devemos fazer terapia veio ano passado depois de minha auto-avaliação costumeira. Sabia que tinha feito tudo que estava ao meu alcance, lutado com a arma da fé, buscado em todas as instâncias o conforto da oração, mas faltava algo mais. Casualmente peguei o celular e comecei a ler uma página sobre psicologia e a importância de procurar ajuda, quebrar o tabu que terapia é para pessoas dementes e de que depressão é coisa de quem não tem o que fazer. Nada disso, queridos leitores, terapia é para quem quer refletir sobre si mesma, ajudar-se e ajudar as outras pessoas, para não cair no abismo de sentir dó de si mesma, e sim reerguer-se, construir, apagar e reescrever sua própria história sem medo, nem culpa. Foi a partir daí que agendei uma consulta e fui cheia de esperança. Já na primeira consulta senti como se vinte quilos tivessem saído dos meus ombros, e a cada vez que voltava ao psicólogo era como me encontrar comigo mesma, transformada e com novo olhar para todos os desafios. Foi um sucesso!


Oração da Mulher Doente

“Dá-me senhor a humildade necessária para aceitar ser servida, eu que sempre servi os outros.

Fazei com que eu aceite o peso de estar dependendo dos irmãos e irmãs.

Foi preciso este sacrifício para que eu compreendesse o que dissestes um dia. "Há mais alegria em dar do que em receber".

Agora eu sei, Pai, que falas através do silêncio, que a minha dor unida a ti seja uma gota de água que se perde no vinho, para ser uma só oferta, colocada sobre o altar de Jesus Cristo. 

Ajuda-me, ó Pai, sou fraca e inconstante, mas quero ser fiel à tua vontade, que mesmo sobre o peso da cruz eu seja disponível à tua vontade e continue a dizer sempre, eis-me aqui”.



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