Histórias de vida

Pelotas - RS

"Cada minuto que vivem é um presente de Deus" – Janice Santos

Como é conviver com as mulheres e suas famílias? 

Quando o telefone toca, geralmente não sei quem vai falar. Como vocês sabem, não sou psicóloga ou algum tipo de terapeuta, simplesmente empresto o meu coração e os meus ouvidos, e tento me colocar no lugar de quem está me ligando.

Após o diagnóstico do médico, o mundo delas desaba. Geralmente elas ligam pra tentar saber o que vem pela frente. Muitas vezes quem liga é até o marido, aquele parceiro de verdade que já está sofrendo junto com a mulher da sua vida. Converso por muito, mas muito tempo com quem faz a ligação, sentindo ou tentando sentir em cada pausa, o sofrimento do casal. Até chegar ao Oncologista e saber como será o tratamento, dependendo dos exames que duram em média um mês, a família fica totalmente perdida. E eu junto. Após começar o tratamento tudo fica mais tranquilo, mas essa é a parte mais dolorosa. Vem os efeitos da quimioterapia, a perda do cabelo e, nestes momentos, digo que vai ficar tudo bem, mas sei que não é nada fácil, nem pra mulher, nem pra família. Em algumas visitas e conversas vou tentando acalmar o coração da família. Inúmeras vezes recebi maridos que não sabem como reagir frente aos acontecimentos do momento. Quando a maioria das pessoas pensa que quem sofre é a paciente, sim, ela sofre muito, vejo que a família também sofre por não conseguir fazer muita coisa. Já fui a muitas festas nas casas delas, mas também já fui a muitos velórios. 

Uma das coisas que aprendi convivendo com estas mulheres guerreiras é que as que se foram conseguiram deixar a família tranquila de que estavam prontas pra partir, o que, de certo modo, deixa um conforto no coração. Quanto as que ainda estão com conosco, elas mostram que cada minuto que vivem é um presente de Deus. Vivo com elas e por elas. Trago no coração as que partiram, e as que seguem na luta trago ao meu lado. Pois, com elas aprendi que não somos nada, e, por isso, fico imensamente feliz em poder fazer parte de tantas famílias. Antes do IBA eu era a Janice Rodrigues Santos, hoje sou a Janice do IBA. Agradeço, do fundo do coração, por saber tanto da intimidade de famílias que ganhei durante estes 7 anos. Famílias, essas, que só querem ouvir que vai dar tudo certo ao passarem essa fase turbulenta, pois, a grande maioria, mesmo com todos os percalços, vence o câncer de mama.


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